segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Mudança (de)Morada

"Quem é a velha" perguntou-me o filho da padeira quando viu a transladação da Senhora dona Irmã Lúcia. Este domingo fomos bombardeados por emissões em directo da transladação da Irmã Lúcia e que, apesar do esforço das estações de televisão, irá ficar na história como o Domingo mais chato de que tenho memória. Nunca nos meus devaneios mais parvos eu julguei que a história de alguém pudesse durar 10h "non-stop" para ser contada e se tivermos em conta que a senhora viveu num convento a vida inteira e que pouco se sabe do que fez nesse período mais espantoso esta situação é. Portanto o que é que foi feito para nos roubar tempo das nossa vidas? Vasculha-se todos os pormenores que se conhece, faz-se entrevistas a pessoas que só sabem responder "hã, xim, tou muito contente, foi uma grande mulher" e filma-se na integra a viagem de um cadáver em decomposição para que seja enterrado, porque costuma ser novidade enterrar-se cadáveres então se forem daqueles já mortos é delírio. Apesar de tudo e para surpresa geral o corpo lá foi enterrado como conforme estava previsto, apesar de tudo a pergunta que se impõe é esta: Era preciso tudo isto? E o que fizeram aqueles que não tinham interesse nesta emissão, é que para quem não notou não havia mais nada na televisão.