segunda-feira, abril 14, 2008

A minha cidade vista daqui



A minha cidade vista daqui, um belo suceder de arte em betão e luzes que almejam ser estrelas. Mentiras criadas por homens de fatos, escondem a doença que lhe percorre as artérias. Escória e mal-afortunados deambulam pelas ruas arrastados por um "não sei quê" de ficar vivos, pessoas a quem a sorte abandonou, seres que um tal Deus rejeitou.
O rico e o abastado rodeiam a mancha urbana, o belo não quer senão guardar a mentira dos de fora. Lá dentro caminha de tudo, nos locais pontuais onde todos se cruzam, quem pode pavoneia o que tem alheando os que os observam com olhos ladrões. Se se diz linda da minha cidade é propaganda barata de um grupo de cegos.
E finalmente cai o breu.Chegando a noite a cidade rende-se a outros, aos que não querem saber, aos rebanhos, aos que buscam o prazer momentâneo. Estes que tão prontamente troçam do saloio embriagado como nele se transformam, mas com um estilo mais aprumado.
Esta não pode ser a cidade vista daqui. Esta é uma mentira mal ensaiada. Não estranhamente por tantos amada.

2 Comments:

At 7:54 da tarde, Blogger Rei Bacalhau said...

Passar pela cidade faz-nos mais ricos... Não pelo bom sentido, mas pelo mau, pelas coisas que se vêem. A decadência é capaz de ser a pior delas. Mesmo assim, pode-se aprender muito através da cidade. Tanto a nivel antropologico, psicologico ou ate mesmo filosofico. Mas isso são outras conversas.

 
At 12:46 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não foi Deus que abandonou as pessoas, foram estas que deixaram Deus. E não O culpem pelos nossos erros. Somos filhos da mesma urbanidade da mesma cultura. Gostamos (mais ou menos) das mesmas coisas, lavramos nas mãos os mesmíssimos caminhos. Quantas vezes nas nossas vivencias demos a mão a quem caido no chão da vida nos solicitou ajuda. Não podemos pedir aos outros aquilo que não somos capazes de dar. A cidade dá e tira. Esta e todas as outras cidades.

 

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